A CUT-RS, centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda sairão às ruas nesta quarta-feira, 8 de março, Dia Internacional das Mulheres. O tema que unifica as atividades no Rio Grande do Sul é “Por um mundo sem violência, em defesa da vida e do direito das mulheres”.
Haverá programação intensa em Porto Alegre e várias cidades do interior gaúcho. Além disso, será distribuído o gibi das mulheres, construído pela CUT-RS em parceria com vários sindicatos e federações, que retrata as principais lutas enfrentadas pelas mulheres no mundo do trabalho. Os desenhos são do cartunista Fredy Varela, de Caxias do Sul.
O gibi pode ser acessado na seção Publicações do site da CUT-RS.
RS precisa avançar nas políticas para as mulheres
A secretária-geral da CUT-RS, Vitalina Gonçalves, afirma que “saímos de um período de resistência para um período de avanços, mas, isso por si só não basta”. Ela defende que a disputa se dá nos territórios, ou seja, nos municípios e estados.
“O Rio Grande do Sul é o estado com a epidemia de violência contra mulheres – os feminicídios – e tem uma política pública desmontada em relação a isso, desde a proteção ao amparo. Então é uma luta extremamente grande”, explica.
Vitalina destaca que, ao mesmo tempo em que foi conquista a volta do Ministério das Mulheres, em nível nacional, existe um desmonte das políticas públicas para as mulheres em âmbito estadual.
Isso ocorre desde 2015, segundo a dirigente sindical, quando a Secretaria Estadual de Mulheres foi extinta pelo governo Sartori (MDB) e não foi retomada pelo governo Eduardo Leite (PSDB). “Temos um guarda-chuva de proteção do governo federal. Nós precisamos fazer isso avançar e crescer no Rio Grande do Sul”, aponta Vitalina.
Vitalina Gonçalves. Foto: Arquivo / CUT-RS
Protagonismo das mulheres na vitória da democracia
Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS, Mara Weber, estamos vivendo um novo momento em 2023. “A vitória da democracia sobre o fascismo teve importante protagonismo das mulheres. Em 2022 elegemos mais mulheres e mais mulheres negras. No governo Lula (PT) temos recordes de mulheres ministras. São 11 do total de 37. Além da conquista do Ministério da Mulher, estamos à frente de ministérios importantes como o da Saúde”, destaca.
Mas a dirigente sindical pondera que ainda é preciso avançar. “Somos 50% do eleitorado. Há muito que lutar e construir. O governo que ajudamos a eleger nos dá esperança, mas temos que entender também os limites da correlação de forças. Mesmo com a nossa histórica vitória só avançaremos se nos mantivermos mobilizadas”, enfatiza Mara.
Mara Weber. Foto: Carolina Lima / CUT-RS
106 mulheres vítimas de feminicídio no RS em 2022
Os números da violência no RS são assustadores. Houve um aumento de 10,4% nos casos de feminicídios em 2022. Foram 106 vítimas assassinadas por questão de gênero, enquanto em 2021 foram 96 mortes. A alta representa a ocorrência de um caso a cada 3,4 dias no Estado, conforme dados do Mapa de Feminicídios da Polícia Civil.
Isso reflete a falta de políticas públicas. Por isso, Mara ressalta que é preciso “exigir do governo Estado a volta da Secretaria Estadual das Mulheres e a posse do Conselho Estadual. Precisamos de políticas públicas de proteção, emprego e renda para nós”.
Trabalho decente
As mulheres chefiam 50,8% dos lares, mas ganham menos e sofrem mais com desemprego, apontou o Boletim Especial 8 de Março, Dia da Mulher, divulgado nesta segunda-feira (6) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
“Precisamos de salário mínimo valorizado, saúde e educação de qualidade, emprego e renda, trabalho decente no campo e na cidade”, disse Mara apontando que a prioridade das mulheres é ficarem vivas.
A dirigente sindical pontua que é necessário incorporar a luta antirracista e LGBTQI+ à luta das mulheres. “Precisamos de políticas públicas de proteção, emprego e renda para nós. Sem combater a cultura machista, o sistema patriarcal e o neoliberalismo que lucra com as opressões, não avançaremos”.
Mara salienta ainda que o “o feminismo precisa se fortalecer nas lutas que transformam a vida do povo”.
Programação em Porto Alegre
A programação terá início logo cedo, a partir das 7h, no bairro Lomba do Pinheiro, com um ato de denúncia das irregularidades da barragem da Lomba do Sabão. Em seguida ocorre um ato ecumênico para denunciar o feminicídio de Débora Moraes. Era militante do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e moradora do local, que foi assassinada em setembro de 2022 pelo marido.
Após as mulheres irão em marcha até a Avenida Bento Gonçalves, com faixas e cartazes para cobrar políticas públicas de combate à violência contra as mulheres, a preservação da natureza e ações concretas para impedir que a barragem da Lomba do Sabão se rompa.
No meio da manhã, as manifestantes se juntam a outras mulheres que estarão na Praça da Matriz, no centro da capital gaúcha, onde estão programadas várias atividades. Às 10h, as comissões de Direitos Humanos e Serviços Públicos promovem audiência pública, em formato híbrido, no Plenarinho da Assembleia Legislativa, para discutir “Políticas Públicas para as Mulheres: Direito à vida e acesso à proteção social”. Haverá transmissão para a área externa.
Ainda na Praça da Matriz, terá um almoço coletivo às 12h30, seguido de um momento de formação, com 13 rodas de conversas com temáticas diferentes. No início da tarde, às 14h, será realizada uma sessão solene em referência ao Dia Internacional da Mulher, no plenário da Assembleia Legislativa, com a entrega do Troféu Mulher Cidadã. Na categoria sindicalista, a homenageada será Miriam Cabreira, a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do RS.
Miriam Cabreira. Foto: Divulgação / Sindipetro-RS
Ao final da tarde, haverá ato e caminhada do 8M Unificado. A concentração inicia às 17h, na Esquina Democrática. A marcha seguirá até a Usina do Gasômetro, onde acontecerá um momento cultural.
As mulheres ainda aguardam o retorno do governador Eduardo Leite para a solicitação de uma audiência para tratar da defesa da vida e dos direitos das mulheres, com foco na situação das políticas públicas para as mulheres no Estado. A principal demanda das organizações é a volta da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres.
Manifestações no interior gaúcho
Osório – Panfleteação, às 10h, em frente ao Banrisul e ato, às 17h, na Praça da Matriz.
Canoas – Ato, às 12h30, no Calçadão, na Esquina Democrática.
São Leopoldo – Ato e caminhada, às 17h, na Praça do Imigrante.
Fonte: CUT-RS com informações da CUT Brasil e G1
Foto: Reprodução