Ato em Porto Alegre exige redução dos juros e saída do presidente do Banco Central

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Trabalhadores e trabalhadoras exigiram nesta terça-feira (21) a redução dos altos juros e a saída imediata do presidente do Banco Central (BC), o bolsonarista Roberto Campos Neto, nomeado pelo governo Bolsonaro e com mandato até 31 de dezembro de 2024, depois da aprovação do projeto de “autonomia” do BC no Congresso Nacional. Promovido em nível nacional pela CUT e centrais sindicais, o protesto foi organizado em parceria com o SindBancários e a Fetrafi-RS e realizado em frente à sede do BC, na Rua Sete de Setembro, no Centro Histórico de Porto Alegre.

A data foi escolhida por ser o primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que decide a taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano. Esta é a segunda reunião após a posse do presidente Lula (PT) e termina nesta quarta-feira (22), quando será anunciada a decisão no início da noite.

As mobilizações reivindicaram também a democratização do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF), que julga processos administrativos de grandes devedores. Um grupo de apenas 19 companhias abertas no país estão questionando na Justiça o pagamento de uma dívida que soma R$ 559 bilhões em tributos que não pagaram porque discordaram da cobrança.

 

Ato BC-Erico (2)

 

“Juro alto traz prejuízo para a economia produtiva”

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, disse que “o juro alto traz prejuízo para a economia produtiva”. Segundo ele, “não se trata apenas de 13,75% ao ano, que já um roubo, um absurdo, mas de juros muito mais altos, como no empréstimo de uma casa, no crédito rotativo e outras modalidades”.

“A pessoa paga taxas escorchantes, que retiram do bolso o dinheiro que rentabiliza alguém”, explicou. “O dinheiro que sai da dívida pública rentabiliza os especuladores, os banqueiros e os rentistas. Assim retiram o dinheiro do bolso de quem mais precisa para enriquecer um pequeno grupo de pessoas que em plena pandemia viraram bilionários”, denunciou.

 

Ato BC-Amarildo
Foto: Reprodução / Facebook

 

Ele apontou dois compromissos para o movimento sindical. “Em todas as reuniões do Copom, nós temos que fazer atos até quando avaliarmos que a taxa de juros esteja mais equilibrada. Mas nós também temos que cumprir uma tarefa pedagógica e educativa: entregar material compreensível para a população, a fim que as pessoas entendam o que estamos falando”, propôs.

“Nós precisamos elevar o nível de consciência das pessoas sobre o quanto é nefasto esse processo de retirada de riqueza humana produzida pelo trabalho da economia”, defendeu. “Não vamos desistir. É um processo duro e difícil e uma tarefa civilizatória tanto quanto a luta pelo fim do trabalho análogo à escravidão, o fim das privatizações, a revogação das terceirizações e tantas outras barbaridades do golpismo”, destacou Amarildo.

 

“Temos que fazer essa luta nas ruas”

O vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis, lembrou a herança maldita do governo anterior. “Nós sabemos que a política do Bolsonaro e do Guedes só trouxe miséria para o nosso povo, recessão e inflação”, destacou.

 

Ato BC-Gimenis (2)

 

Por isso, ele reforçou que “todos os meses em que houver reuniões do Copom estaremos nas ruas. Essa luta é nossa. Não é só uma luta do Lula com o presidente do Banco Central. É uma luta do povo brasileiro”, ressaltou.

“Vamos fazer crescer esse movimento”, apontou Gimenis, salientando que o presente ato já foi maior do que o primeiro. “Temos que fazer essa luta nas ruas”, concluiu.

 

“Reduzir juros facilita acesso da população ao crédito”

Para o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, o país vive uma espécie de liberalismo fake, porque vendem a ideia de liberdade – a dita autonomia – do Banco Central, quando “na verdade ele é hoje refém de uma política econômica que serve ao capital internacional e especulativo e vira as costas para a população e economia do nosso país”.

 

Ato BC-Luciano (2)

 

“Ao invés de reduzir os juros para facilitar o acesso da população ao crédito, do pequeno empresário a recursos para investimentos, do produtor rural ao financiamento de máquinas agrícolas, o Bacen segue a lógica de Paulo Guedes e dos bolsonaristas, privilegiando quem já tem capital enquanto o povo passa fome. No lugar de uma política voltada para a geração de emprego e distribuição de renda, a política é de potencialização dos lucros de bancos e rentistas, uma política que prejudica o Brasil e as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros”, declarou Luciano.

 

“Campos Neto não pode boicotar a economia brasileira”

A diretora do SindBancários e da Fetrafi-RS, Caroline Heidner, destacou que “não se dá cavalo de pau na economia” e, por isso, “não podemos acreditar numa queda brusca” dos juros. Para ela, “esta reunião do Copom é fundamental para que se inicie a queda da Selic. Terminar a reunião sem nenhuma queda é uma afronta a toda a sociedade brasileira”.

 

Ato BC-Carol (2)

 

Na avaliação de Carol, “a manutenção da taxa elevada e obscena de 13,75% tem consequências graves não só para a geração de empregos. O Brasil é um país que se desindustrializou precocemente e isso mata a nossa economia”.

Segundo ela, “é um projeto amplo de destruição da economia brasileira para nos manter condenados a sermos esse enorme fazendão de commodities, de joelhos perante as grandes economias e nós não podemos admitir. Nós elegemos o presidente Lula e estamos aqui comprometidos com um programa de governo e um projeto de país, que passa pela redução da taxa Selic, para que esse projeto seja viável”.

“Campos Neto não pode querer boicotar a economia brasileira”, alertou a dirigente sindical.

 

Ato BC-geral (2)

 

Também se manifestaram dirigentes da CTB, Intersindical, Fórum Popular e Fetrafi-RS, bem como representantes dos estudantes e o vereador Jonas Reis (PT). Ainda compareceram vários diretores do SindBancários, a vereadora Abigail Pereira (PCdoB) e o “Comitê Popular Esperançar de apoio ao governo Lula” .

 

Assista à transmissão do ato

 

 

 

Fonte: CUT-RS com Amanda Zulke (SindBancários)

Fotos: Amanda Zulke (SindBancários)