“Quem construiu Tebas, a das sete portas?/ ((…) E Babilônia? E Lima dourada?)/
Nos livros vem o nome dos reis/
Mas foram os reis que transportaram as pedras?”
Perguntas de um operário que lê. Bertold Brecht, 1935.
Das janelas da sede do Sindicato, no Centro Histórico de Porto Alegre, veem-se barcos passando. E tempos também. Igual nas fotos de antigas reuniões, assembleias, mobilizações…
O Sindiserf/RS navega desde a euforia cívica da redemocratização do Brasil, no final dos anos 80 do século XX, quando conquistou-se também o direito à sindicalização para os servidores e servidoras das administrações públicas.
Passou pela “década perdida” dos anos 90, devastados pelo neoliberalismo tempestuoso. E chegou às contradições fortíssimas do Estado brasileiro no novo milênio, onde até se consegue eleger governos populares, mas eles se veem piores do que Laoconte, aquele sacerdote troiano que foi cercado de serpentes por contrariar os deuses – agora talvez os do capital insaciável, famintos por privatizações. É o mar perigoso do nosso sistema capitalista, que, agora, anda muito interessado em assumir tudo o que puder dos serviços públicos no seu próprio interesse, obviamente. Tem até uma sereia para enganar os incautos neste sentido, a dita reforma administrativa, a galope naquele torpedo que é a PEC 38, ora em tramitação.
O sindicalismo mundial, brasileiro e gaúcho segue, porém, resistindo e, quando possível, avançando. Em meio à classe trabalhadora atual, as servidoras e servidores públicos, empregadas e empregados públicos, ativos e inativos, da administração direta e indireta do Poder Executivo Federal contribuem com sua parte para construir uma democracia que já é forte o bastante para resistir a recentíssimas tentativas de retrocesso por parte de novos facínoras. Sem anistia para golpistas!
Por mais e melhores serviços públicos! Pela valorização das servidoras e servidores públicos, empregadas e empregados públicos, ativos e inativos. Parabéns a todos e todas, em sua decisão de lutar e avançar, nas nossas lutas gerais e específicas, e aos nossos aliados e parceiros na busca de um Estado e um país menos desigual, mais justo e democrático. Viva o Sindiserf/RS!
“Em cada página, uma vitória…/Quem cozinhava nos festins?/
Quem pagava as despesas?/ Tantas histórias./ Quantas perguntas!”
Idem, ibidem.
Walter Aragão é servidor público federal e secretário-geral do Sindiserf/RS