Nova onda de demissões de Milei pode deixar 65mil funcionários públicos desempregados

postado em: Notícias | 0

A Associação de Trabalhadores do Estado (ATE) da Argentina disse nesta segunda-feira (30) que realizará protestos contra a provável demissão de cerca de 65 mil funcionários públicos. O anúncio ocorre no mesmo dia em que o governo de Javier Milei anunciou o desligamento de quase 1,5 mil servidores

“Estas novas demissões ocorrem justamente quando o governo está perdendo apoio popular. Temos que multiplicar os protestos em todo o país para continuar a aumentar o descontentamento social”, afirmou Rodolfo Aguiar, secretário-geral da ATE.

O sindicato informou que os protestos vão ocorrer em frente a órgãos públicos e assembleias para discutir a resistência ao corte massivo na administração pública.

O informe de demissão dos servidores foi dado através de breve mensagem enviada nos e-mails pessoais de cada um, que dizia que seus contratos não seriam renovados, e pedia que, portanto, eles deixassem de comparecer ao local de trabalho a partir do dia 1º de outubro. Mas a ATE calcula que no total, há mais 65 mil pessoas cujos contratos correm o risco de encerramento por terem vencimento no dia 30 de setembro.

A maior parte das demissões ocorreu no Ministério do Capital Humano, onde, até o momento, foram enviadas 1,4 mil notificações. Além disso, na secretaria de Direitos Humanos, 80 funcionários públicos também foram notificados da decisão. A subsecretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social, responsável pela fiscalização de trabalhos informais, supervisão de programas de emprego e pelo fomento da formalização trabalhista, também informou que perderá funcionários.

Milei já havia anunciado demissões estatais em março e junho e, com esta terceira onda de demissões, somam quase 31 mil desempregados, de acordo com informe do Centro de Economia e Política Argentina (Cepa). No início do ano, o presidente argentino informou que o objetivo era chegar a 70 mil demissões.

 

Privatização da Aerolíneas Argentinas

Na última sexta-feira (27) o porta-voz do presidente, Manuel Adorni, informou que Javier Milei assinará um decreto para facilitar a privatização da Aerolíneas Argentinas. Ainda assim, após o boletim oficial do Executivo, o decreto ainda deve passar pela aprovação do Congresso.

O governo argumenta que, segundo uma auditoria geral da nação, a companhia aérea teve um déficit de 1,7 bilhão de pesos (US$ 179 milhões ou R$ 990 milhões) no ano passado. No entanto, a Associação de Pilotos de Linhas Aéreas (APLA) apontou que a Aerolíneas Argentinas economizou 450 milhões de pesos do orçamento do Estado, que poderiam ter sido redirecionados para o povo argentino.

O governo de extrema direita e a APLA já estavam em conflito sobre pedidos de igualdade salarial, no qual os pilotos exigiam uma recomposição de 70%, enquanto outros funcionários da tripulação exigiam 25% de aumento mínimo.

A oferta de aumento do governo e da linha aérea estatal foi de 10,8% acumulado entre o período de julho e agosto. A proposta foi considerada insuficiente para os grêmios aeronáuticos e recusada, o que gerou uma série de protestos e paralisações pelo país.

Ambas as decisões governamentais dos últimos dias reforçam a postura ultraliberal de corte de gastos e déficit zero no qual o governo vem insistindo desde que Milei chegou ao Executivo.

No entanto, as medidas não têm dado certo. Mais da metade da população argentina, ou 52,9%, se encontra atualmente abaixo da linha da pobreza, informou nesta quinta-feira (26) o instituto de estatísticas do país, o Indec. A cifra representa aumento de 11,2 pontos percentuais em relação ao primeiro semestre de 2023.

Milei assumiu a presidência argentina em dezembro, prometendo cortar gastos drasticamente.  A inflação acumulada em julho foi de 263,4%, segundo informe do Indec de agosto. Os preços da cesta básica de consumo, que inclui produtos alimentícios, bebidas e produtos de limpeza, aumentaram 2,1% no último mês, acumulando alta de 237,2% desde julho de 2023.

 

Fonte: Brasil de Fato com Tiempo e Telesur

Foto: Michal Cizek / AFP