Sérgio Nobre em visita ao RS, aplaude projeto “CUT com a Comunidade”

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O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, esteve nessa segunda-feira (2), em Porto Alegre, para conhecer de perto o projeto CUT com a Comunidade, uma experiência de sucesso de organização, solidariedade e cidadania, construída durante a pandemia em vários territórios na periferia da capital gaúcha.

Metalúrgico do ABC paulista, ele foi recepcionado pelo presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, e depois eles se reuniram com dirigentes sindicais e lideranças do projeto, no auditório da CUT-RS. À tarde, visitaram algumas das cozinhas comunitárias que recebem apoio da Central.

Amarildo recordou que tudo foi possível graças aos sindicatos parceiros e ressaltou também o apoio da cooperativa Cresol. “Se vamos reconstruir o Brasil, nós precisamos de trabalho decente, escola boa, transporte público de qualidade, de parceiros de verdade e que as nossas comunidades estejam organizadas para lutarem por seus direitos”, destacou.

 

Matheus Piccini / CUT-RS

 

Projeto será debatido no 14º CONCUT

Sérgio Nobre aplaudiu o projeto desenvolvido em Porto Alegre e pretende levá-lo para o debate do 14º Congresso Nacional da CUT, que será realizado de 19 a 22 de outubro, em São Paulo. “Eu quero que lá, no CONCUT, as pessoas compreendam as diretrizes para a construção do projeto CUT com a Comunidade. Nós não queremos ir para atrapalhar nenhum vereador, pelo contrário, queremos formar mais lideranças”.

“As comunidades têm suas demandas. De ter saneamento, de ter formação profissional. Então, nós temos que construir as parcerias sem que um substitua o outro. Na medida em que a comunidade entrega suas demandas, é a hora de construirmos relações”, explicou Sérgio Nobre.

O dirigente nacional da CUT defendeu que é importante o sindicalismo estar dentro das comunidades, “pois é somente assim que a população vai acreditar em nós. Construir as bases da CUT, através do diálogo, é o caminho para termos uma base sólida. Envolve muita organização e temos que dialogar com a realidade da região”.

 

Matheus Piccini

 

Fazer a diferença na vida das pessoas

Maria Guaneci, uma das lideranças presentes na reunião e que vive no bairro Restinga, agradeceu o apoio da CUT-RS. “O projeto CUT com a Comunidade começou este ano conosco, em maio, no mutirão pela regularização dos títulos de eleitor. Nós temos uma ação social grande, mas devido à pandemia e à cozinha ser muita precária, foi só com a ajuda da CUT, que conseguimos auxiliar as pessoas e produzir quentinhas para doação. Nós ainda não temos uma cozinha comunitária, mas o plano é chegar lá”, disse.

“Projeto inovador, o CUT com a Comunidade está fazendo a diferença na vida das pessoas e fortalecendo os laços em diversas comunidades”, salientou Amarildo.

Conforme o dirigente da CUT-RS, o projeto tem como objetivo combater a fome, levar alimento à mesa dos trabalhadores, melhorar a qualidade de vida, promover educação e formação de qualidade, fazer prestação de serviços e levar cultura às regiões mais vulneráveis da cidade.

 

Construção coletiva

Salete Martins, assessora da CUT-RS para o projeto, destacou que “o projeto é uma ação que busca promover cidadania, através da construção coletiva, conectando as causas sociais com diversos setores da sociedade”. Ela explicou que ele é baseado em quatro alicerces: trabalho, serviços, cultura e educação/formação.

“Dentro do eixo trabalho estão presentes as cozinhas comunitárias, galpões de reciclagem, hortas comunitárias e a economia solidária. Já na parte de serviços, a CUT oferece a regularização documental, assessoria jurídica e assessoria técnica”, explicou Salete.

Na cultura, o projeto conta com o apoio do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, que disponibiliza a sala de cinema da entidade para a exibição de filmes para crianças das comunidades.

Em relação à formação e educação, a intenção é possibilitar qualificação profissional e oferecer cursos preparatórios para o ENEM e o ENCCEJA, assim como aulas de reforço para crianças e adolescentes.

O projeto também criou um curso de capacitação para as lideranças interessadas em disputar uma vaga nas eleições para o Conselho Tutelar. Foram oferecidas 120 horas de aulas, em parceria com a Escola Técnica Mesquita, mantida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre.

Salete também alertou que “se a CUT não está dentro das comunidades, as igrejas conservadoras e a extrema-direita ocupam esses espaços”.

O vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis, lembrou que, “como não existe espaço vazio na política, as igrejas neopentecostais ocuparam os espaços que deixamos. Eles compraram muitas lideranças com cargos comissionados em governos neoliberais e acabamos perdendo diversas lideranças comunitárias, que foram cooptadas pelo sistema”.

 

Conhecendo as cozinhas comunitárias

À tarde, Sérgio Nobre visitou, junto com o presidente da CUT-RS, a cozinha comunitária da Dona Lúcia, localizada no bairro Mario Quintana, onde são preparadas mais de 200 marmitas por semana, que são distribuídas para a comunidade local. Atualmente são atendidos 11 territórios.

Amarildo lembrou que as lideranças do projeto estiveram presentes em atos contra os juros altos, através das cozinhas comunitários, que serviram comidas de qualidade, bem como participaram ativamente de manifestações e marchas da classe trabalhadora, como na campanha Fora Bolsonaro.

Dona Lúcia acentuou que, “sem um prato de comida, ninguém consegue fazer nada, nem procurar emprego, nem pegar um ônibus ou estudar. Nós fazemos essa função de fazer o povo um pouquinho mais feliz”.

 

Matheus Piccini

 

O presidente nacional da CUT elogiou a iniciativa. “Estou orgulhoso de estar aqui, de conhecer a Dona Lúcia e a experiência dela, uma mulher guerreira e trabalhadora. Ela ajuda muito a comunidade aqui com a cozinha comunitária, que tem o apoio da CUT. Por isso, eu me sinto muito honrado, pois esse é o papel da nossa Central, de estar junto com a classe trabalhadora”, destacou Sérgio Nobre.

 

Fonte: CUT-RS

Fotos: MATHEUS PICCINI