A CUT-RS lamenta a morte da companheira, professora e educadora popular Conceição Paludo, na tarde desta quarta-feira (3), aos 68 anos de idade, vítima de um câncer, em Porto Alegre. A Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faced/UFRGS), onde ela coordenava o Observatório da Educação do Campo do RS, decretou luto de um dia em função de seu falecimento.
Graduada em Pedagogia, com especialização em Educação Psicomotora e em Orientação Educacional, mestrado e doutorado em Educação, Conceição era professora titular do Departamento de Estudos Básicos (DEBAS). Lecionava na graduação e na pós-graduação, na linha de pesquisa Trabalho, Movimentos Sociais e Educação (TRAMSE).
Ela teve um papel importante na história do movimento sindical. O assessor da diretoria da CUT-RS, João Marcelo dos Santos, que trabalhou muitos anos lado a lado com ela, lembra que a classe trabalhadora e suas lideranças transformaram a CUT, passados 10 anos da sua fundação, em 1983, numa das maiores centrais sindicais do mundo.
“No início, os sindicatos atolados na burocracia e na conciliação de classe foram surpreendidos por oposições sindicais combativas, cheias de disposição para abrir as portas da democracia no país, mas que contavam com poucos recursos. Foram amplamente apoiadas por centros de Educação Popular e de Assessoria, que disponibilizavam apoio jurídico, comunicação e assessoramento político”, recorda.
Conceição integrou e dirigiu por longos anos um desses centros de Educação Popular. Era o Centro de Assessoria Multiprofissional (CAMP). “Na entidade, sempre esteve à frente da equipe sindical que alavancou dezenas de oposições espalhadas pelo Rio Grande do Sul”, destaca João Marcelo.
“Uma mulher com alta capacidade de construir processos políticos e educativos. Uma vocação extraordinária para educar pessoas e coletivos. Centenas de lideranças sindicais da velha guarda foram formadas por ela, conhecida pelo sugestivo apelido de Cuti”, salienta o assessor da CUT-RS.
Ela assessorou os primeiros congressos da CUT no Rio Grande do Sul. Foi uma das maiores formuladoras da política de formação da CUT na região Sul.
No final dos anos 90, Conceição passou a atuar na educação formal, inicialmente na UERGS, depois na UFPEL e mais tarde na Faculdade de Educação da UFRGS.
“Na universidade, ela foi responsável por abrir as portas da academia para centenas de estudantes oriundos de movimentos sociais. Foi exemplar na tarefa de democratizar o acesso à universidade e estabelecer pontes entre a universidade e os movimentos sociais”, ressalta João Marcelo.
Segundo ele, “por onde passou, ela imprimiu a marca do engajamento quase absoluto às causas de um mundo de justiça, igualdade e sem discriminação. Por onde passou, lutou contra as tentativas de silenciamento das mulheres. Por onde passou, praticou os ensinamentos de Paulo Freire por uma educação libertadora”.
Nesta quinta-feira (4), familiares e amigos, lideranças sindicais e populares, mulheres e homens de diferentes movimentos sociais, se despediram com muita dor no peito da companheira, professora, educadora, militante e mulher empoderada que muito ajudou na organização da classe trabalhadora.
A CUT-RS manifesta os sentimentos de pesar e solidariedade e reconhece o seu extraordinário papel na construção de um sindicalismo classista, popular e democrático. As nossas raízes foram adubadas pelo trabalho incansável da Conceição, cujo legado permanecerá como luz a iluminar a caminhada de novas gerações de militantes e dirigentes sindicais.
Conceição presente, hoje e sempre!
Fonte: CUT-RS com informações do Brasil de Fato RS
Fotos: Reprodução Facebook
