Para celebrar o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, representantes de diversas comunidades religiosas realizarão neste sábado (21), em Porto Alegre, a XV Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa do Rio Grande do Sul.
Com o tema Religiões em Luta pela Democracia, o ato terá concentração no Largo Glênio Perez, Centro Histórico de Porto Alegre. Pela manhã será realizado o Seminário Religiões em Luta pela Democracia, a partir das 9h, na sede do Simpa, na rua João Alfredo, 61.
No Rio Grande do Sul, estado com maior concentração de afrorreligiosos no país (1,62%) e com cerca de 65 mil terreiros, a Marcha Pela Vida e Liberdade Religiosa é organizada e executada por vivenciadores das tradições de matriz africana e apoiada por outros segmentos religiosos.
“Nos últimos 15 anos a marcha tem sido o primeiro ato político e público do ano. E a de 2023 tem uma importância ainda maior porque a gente está em um cenário de reconquista da democracia. Para a gente que luta contra o racismo religioso, esse racismo estruturante, é muito importante reafirmar a democracia”, pontua o presidente do Conselho Estadual do Povo de Terreiro, Baba Diba de Iyemonjà. Ele destaca ainda os ataques sofridos durante o governo Bolsonaro e seus simpatizantes a entidades religiosas.
Antecedendo a marcha, acontecerá o Seminário Religiões em Luta pela Democracia e o Estado Laico. Baba informa que a atividade vai dialogar sobre os temas centrais da marcha: Estado laico e a democracia religiosa. “O Estado laico é esse Estado que acolhe, que dá espaço para todas as tradições religiosas, não um que se fecha.” Para o Babalorixá, as atividades têm como objetivo enfatizar o quanto é importante o respeito às tradições religiosas para que elas dialoguem em pé de igualdade, que se tenha o mesmo espaço no cenário político, nas políticas públicas e na inclusão social.
Dias de reflexão
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi instituído pela Lei 11.635, de 27 de dezembro de 2007, assinada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quinze anos depois é sancionada a Lei 14.519/2023, que institui o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, a ser comemorado anualmente no dia 21 de março, Dia Internacional Contra a Discriminação Racial.
“As perseguições aos terreiros têm crescido assustadoramente, conforme se vai avançando em política pública, em visibilidade. Parece que nossos inimigos têm crescido cada vez mais, se armado muito mais contra nossa forma de relação com o sagrado e com a sociedade. Não só no RS, mas em todo o Brasil, os enfrentamentos só crescem. Então ter um dia de reflexão para que a gente possa se reunir, trabalhar e dialogar com a sociedade sobre a importância dos terreiros enquanto espaço de cuidado, de promoção e prevenção de saúde tanto física quanto espiritual, é importante”, finaliza Baba Diba de Iyemonjà.
Fonte: Brasil de Fato
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