O governo do presidente Lula (PT) quer fazer uma reforma tributária sobre a renda no segundo semestre deste ano, o que pressupõe uma correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
O objetivo da reforma tributária, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é reduzir a alíquota para os mais pobres e aumentar a dos mais ricos, que não têm o imposto descontado da folha de pagamento e, portanto, pagam muito menos. A afirmação foi feita durante painel do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, nesta terça-feira (17).
“No segundo semestre, nós queremos votar uma reforma tributária sobre a renda para desonerar as camadas mais pobres do imposto e onerar quem hoje não paga imposto, muita gente no Brasil não paga imposto, precisamos reequilibrar o sistema tributário para melhorar a distribuição de renda”, disse Haddad.
Menos impostos, mais poder de compra para os mais pobres
Todas as pessoas que tiveram renda tributável (salário, bônus na empresa etc.,) maior que R$ 28.559,70 em 2022 têm de declarar o IRPF. A regra vale mesmo os trabalhadores e trabalhadoras e aposentados e pensionistas que têm alíquotas do imposto já descontadas direto da folha de pagamento, o que contribui para onerar ainda mais os rendimentos. A correção da tabela, reduz o imposto pago pelos mais pobres e contribui para melhorar o poder de compra.
Sem correção, até os trabalhadores formais que ganham um salário mínimo e meio vão ter de pagar o IRPF este ano.
Apenas 8 milhões de contribuintes estão isentos do pagamento do IRPF este ano, segundo cálculos da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco Nacional). Se a tabela de correção fosse reajustada seriam mais 16,5 milhões de isentos, o que daria um total 24,5 milhões de pessoas que não precisariam pagar o IR.
Dilma fez a última correção da tabela
A última correção da tabela foi em 2015, quando a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou lei que estabeleceu uma porcentagem de correção diferente para cada faixa de renda, que variaram de 4,5% a 6,5%.
Defasagem passa de 140%
Mas, segundo cálculos da Unafisco Nacional com base no índice de inflação de setembro do ano passado, a tabela do IRPF acumula uma defasagem de 144% desde 1996. A defasagem é calculada a partir do índice da inflação, que por sua vez, corrige os salários dos trabalhadores.
Defasagem da tabela do IR (corrigida pelo IPCA)
- 1996 a 1998 (FHC 1) – 17,19%
- 1999 a 2002 (FHC 2) – 18,99%
- 2003 a 2006 (Lula 1) – 7,92%
- 2007 a 2010 (Lula 2) – 2,48%
- 2011 a 2014 (Dilma 1) – 6,53%
- 2015 (Dilma até início do processo de impeachment) – 4,80%
- 2016 a 2018 (Temer) – 9,42%
- 2019 a junho de 2022 (Bolsonaro) – 26,57%
Fonte: CUT Nacional
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