Relembrar para não esquecer!

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No dia 11 de setembro de 1973, o Chile vivia um dos capítulos mais execráveis da sua história. Naquela data, o general Augusto Pinochet depôs o então presidente, Salvador Allende, e deu início a uma ditadura militar que durou 17 anos.

Allende era o primeiro presidente socialista eleito pelo voto popular na América Latina e seu governo propunha iniciativas como a nacionalização de empresas e a reforma agrária. O golpe, apoiado por elites econômicas e pelos Estados Unidos, abriu caminho a políticas ultraliberais, cortes em direitos trabalhistas e previdenciários e repressão violenta.

No Brasil, a anistia a envolvidos no golpe militar de 1964 também permitiu novos ataques à democracia. Com o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, quando a direita resolveu, em 2014, não aceitar os resultados das eleições, os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro puderam implementar uma série de agendas anti-povo e antitrabalhador por meio de medidas como as reformas trabalhista, da previdênca, a lei das terceirizações ilimitadas e privatizações que avançaram no projeto de precarização das condições de vida da classe trabalhadora.

Como se vê, todos esses golpes e seus apoiadores andam de mãos dadas com a defesa de um Estado mínimo para o povo e máximo para o capital. Historicamente, sempre que seus privilégios estão ameaçados, as elites econômicas não hesitam em promover golpes de Estado e instaurar regimes ditatoriais pelo mundo. As conquistas democráticas, longe do que a cartilha liberal sugere, não compõem o projeto político das classes dominantes, mas representam o resultado das lutas históricas da classe trabalhadora. Nesse quadro, a recente discussão sobre a Reforma Administrativa não é neutra; integra esse mesmo projeto de demolição do Estado garantidor de direitos e de sua transformação em um Estado subordinado aos interesses diretos do capital financeiro e de seus agentes.

Que a memória do Chile nos alerte sobre os horrores da ditadura e nos lembre que os golpes não são eventos isolados, mas parte do repertório calculado de elites que sempre desprezaram a democracia. Essas mesmas elites, hoje, continuam tentando esvaziar direitos, controlar o Estado e subordinar o país ao capital financeiro. A condenação de Bolsonaro e dos militares envolvidos na tentativa de golpe é um passo exemplar, necessário para coibir novas confraternizações com golpistas, comemorações da ditadura e ataques à democracia. A lição é clara: a história da América Latina mostra que direitos não caem do céu; são conquistados pela luta.

Anistia nunca mais!

 

Fonte: Condsef/Fenadsef

Foto: Reprodução