CUT-RS defende valorização dos sindicatos e trabalho decente na 2ª CNT

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A etapa estadual da 2ª Conferência Nacional do Trabalho reuniu, nesta quarta-feira (12), no Hotel Embaixador, em Porto Alegre, representantes de centrais sindicais, governo e empregadores, para debater o futuro do mundo do trabalho no Brasil. A CUT-RS levou 21 delegados e delegadas que participaram ativamente dos grupos temáticos e defenderam propostas voltadas à valorização dos sindicatos, à regulação trabalhista e à reconstrução dos direitos perdidos com a reforma trabalhista de 2017.

O vice-presidente e presidente em exercício da CUT-RS, Everton Gimenes, destacou que a conferência é um espaço fundamental para reconstruir um sistema de relações de trabalho mais justo. “O mundo do trabalho sofreu muitos ataques desde a reforma trabalhista, com a precarização, a terceirização e o fim dos direitos. Temos que recompor esses direitos. Não acreditamos que o trabalhador gosta de ter trabalho precarizado, como alguns dizem que isso é empreendedorismo. Os trabalhadores querem, sim, um trabalho formal, com direitos assegurados”, afirmou.

 

 

Entre as prioridades defendidas pela CUT-RS, estão o fim da escala 6×1, a redução da jornada de trabalho com melhores de salários e o combate ao trabalho análogo à escravidão. As propostas aprovadas nos grupos de trabalho e nas plenárias, que reuniram 195 delegados e delegadas, serão encaminhadas à etapa nacional da conferência, prevista para março de 2026, em São Paulo.

O superintendente regional do Trabalho no RS, Claudir Nespolo, ressaltou que o objetivo central da conferência é reunir negociadores da área empresarial e trabalhista, além de gestores públicos, para debater a formalização e a valorização do trabalho.

 

 

“O mundo do trabalho está experimentando no Brasil, apesar do pleno emprego, uma quantidade imensa de trabalhadores que não têm acesso a direitos básicos. A reforma trabalhista aprovada em 2017 não elevou o padrão de trabalho como deveria. Os entregadores por aplicativos, por exemplo, continuam desprotegidos. Eles devem ser regulamentados como trabalhadores”, afirmou Claudir.

A delegada da CUT-RS e presidenta do Sindipetro-RS, Miriam Cabreira, avaliou que a conferência foi um espaço importante de diálogo, mas destacou as dificuldades enfrentadas durante os debates.“É sempre importante ter um espaço de diálogo, mas, infelizmente, a bancada patronal não estava disposta a conversar. Vieram com propostas absurdas, de desregulamentação total do trabalho, por isso os consensos foram muito difíceis”, afirmou. Segundo ela, a expectativa é de que, com a manutenção periódica dessas conferências, seja possível avançar na construção de convergências em defesa dos direitos dos trabalhadores.

Durante os debates, Antonio Güntzel, secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, destacou a importância de garantir a liberdade e a autonomia sindical, com fontes de financiamento aprovadas em assembleias democráticas. “A contribuição assistencial é essencial para sustentar as entidades sindicais e fortalecer as ações de negociação coletiva. Sem sindicatos fortes, as mesas de negociação são desiguais. A reforma trabalhista fragilizou a estrutura sindical e, com isso, enfraqueceu o poder de negociação dos trabalhadores”, explicou.

 

 

O professor Jairo Bolter, da ADURFGS, também enfatizou a necessidade de aproximar o mundo do trabalho das instituições de ensino e pesquisa.“Precisamos envolver as universidades, os institutos e as escolas técnicas nessa discussão. O Rio Grande do Sul tem potencialidades regionais que precisam ser valorizadas na formação profissional. É fundamental conectar o Estado, o mercado e o trabalho”, defendeu.

Ao final da manhã, os grupos de trabalho concluíram suas atividades com resoluções de consenso. Entre os temas debatidos estiveram negociação coletiva, novas tecnologias e trabalho em plataformas, formação profissional e financiamento do sistema público de emprego, como o SINE, que, segundo os representantes da CUT-RS, precisa ser valorizado e fortalecido para garantir mais acesso e qualificação aos trabalhadores.

 

 

Segundo o Diagnóstico do Trabalho Decente no Rio Grande do Sul, apresentado durante a conferência, a taxa de desocupação caiu de 7,8% em 2019 para 4,2% em 2025, uma das menores do país. O Estado apresenta 64,3% de formalização, o que representa 2,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada, rendimentos médios de R$ 3.790 e uma taxa de sindicalização de 12,7%.

A etapa estadual da Conferência Nacional do Trabalho reforçou o compromisso da CUT-RS com a valorização do trabalho decente, o fortalecimento do sindicalismo e a defesa dos direitos da classe trabalhadora, apontando caminhos concretos para que o Brasil volte a ter relações de trabalho justas, formais e com proteção social.

 

Fonte: CUT-RS

Fotos: CUT-RS