Às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), o governo federal apresentou, nesta quinta-feira (30), bons resultados na área ambiental com reduções de mais de 11% no desmatamento tanto na Amazônia quanto no Cerrado. Na Amazônia, é o terceiro melhor resultado desde o início do monitoramento em 1988.
“Queremos liderar pelo exemplo”, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em entrevista coletiva na qual os dados foram anunciados. Marina destacou que a liderança vem também do Brasil ser o único país a definir a meta de zerar o desmatamento até 2030.
Segundo o Greenpeace, para atingir essa meta é ainda necessário um plano de ação global e permanente de proteção das florestas. “É fundamental estabelecer salvaguardas permanentes e institucionalizadas, que não dependam de ciclos ou disposição governamental, além de assegurar a implementação de planos de ação robustos para períodos de maior vulnerabilidade climática.”, afirma a porta-voz da frente de Desmatamento Zero do Greenpeace Brasil, Ana Clis Ferreira.
O Observatório do Clima emitiu uma nota definindo o resultado como “uma conquista da sociedade brasileira” e identificou duas lições e dois alertas.
A primeira é que o desmatamento zero está ao alcance e só depende de o governo e a sociedade. A segunda lição é que o o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não é “contra o governo”. Já os alertas são: que as reduções ficarão mais difíceis daqui para a frente e mais dependentes de alternativas econômicas e que o controle de emissões de gases de efeito estufa precisará cada vez mais ser feito em outros setores.
Marcas históricas
Entre agosto de 2024 e julho de 2025, a área desmatada na Amazônia foi de 5.796 km², o que representa uma queda de 11,08% em relação ao período anterior, de agosto de 2023 a julho de 2024, segundo dados do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Esta é a terceira menor taxa da série histórica para a região, que começou a ser medida em 1988. É também o terceiro ano consecutivo de redução. O atual governo acumula 50% de queda do desmatamento no bioma amazônico em 2025 na comparação com 2022, último ano do governo Bolsonaro.
No Cerrado, o desmatamento no período foi de 7.235,27 km², o que equivale a uma queda de 11,49% em relação ao período de agosto de 2023 a julho de 2024. É o segundo ano consecutivo de redução, após cinco anos de alta, desde 2019.
Com o resultado, foi evitada a emissão de 733,9 milhões de toneladas de CO2, o valor equivale às emissões relativas a 2022 de Espanha e França somadas, segundo os cálculos do governo.
Fiscalização e combate ao incêndio
O governo aponta a fiscalização e os investimentos como as principais razões para os bons resultados.
“Estes resultados não são obra do acaso. A excelência do Inpe e o monitoramento de precisão que realizamos formam o alicerce que nos permite enxergar a realidade do nosso território”, afirmou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Na Amazônia, o Ibama ampliou em 81% o número de autos de infração relacionados à flora de 2023 a 2025 em comparação ao intervalo de 2020 a 2022, além de um crescimento 64% no número de multas e de 49% da área embargada.
No Cerrado, a aplicação de autos de infração relacionados à flora aumentou em 24% e as multas subiram 130%, com uma elevação de 26% da área embargada.
“O crime faz uma aliança perversa com a questão climático, por isso, temos mecanismos para restringir o acesso do crime ao mercado. Para que se perceba que o crime não compensa”, apontou Marina Silva.
Além da fiscalização, a retomada de investimentos e de doadores internacionais também colaborou. Apenas o Fundo Amazônia recebeu R$ 3,642 bilhões nos últimos três anos.
Fonte: Brasil de Fato
Foto: Michael Dantas/AFP
 
															 
								 
								