Setembro Amarelo: combater o sofrimento implica em agir contra as desigualdades sociais

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O Setembro Amarelo não pode ser reduzido a uma campanha simbólica de “conscientização”. Falar em saúde mental e prevenção ao suicídio é falar de condições materiais de vida e trabalho. É falar da desigualdade brutal que adoece, da exploração que desgasta e da precarização que destrói o futuro da classe trabalhadora.

Segundo pesquisa da Unicamp, 17% dos brasileiros já pensaram em tirar a própria vida. Na Previdência Social, os transtornos mentais já são a terceira maior causa de afastamentos por auxílio-doença. Esses números escancaram a gravidade de um sofrimento que não é apenas individual, mas social e político.

No mundo do trabalho, o peso é imenso. Sob a lógica do capital financeiro, o ambiente laboral se transformou em campo de instabilidade e insegurança. A flexibilização de vínculos se tornou regra, submetendo milhões a contratos temporários, intermitentes e precários. A plataformização do trabalho, com as BigTechs no centro da reorganização produtiva, impõe jornadas invisíveis, vigilância permanente e rendas miseráveis, aprofundando o isolamento e a alienação. É o trabalho sem proteção, vendido como “modernidade”, que gera adoecimento e, em muitos casos, leva ao suicídio.

O setor público, que deveria ser espaço de garantia de direitos e estabilidade, também está sob ataque. O Grupo de Trabalho da Reforma Administrativa na Câmara tenta importar para o serviço público a mesma lógica de precarização já consolidada no setor privado, com vínculos frágeis, contratações temporárias e cortes de direitos históricos. É a tentativa de desmontar o Estado e entregar o serviço público à lógica da exploração. Enquanto isso, o Judiciário brasileiro também acumula decisões contrárias aos trabalhadores, com a chancela da terceirização irrestrita, da flexibilização de direitos trabalhistas e subserviência às demandas do mercado.

Nesse quadro, não nos basta denunciar. É preciso apontar saídas, que passam pela revogação de todas as reformas anti-povo e anti-trabalhador do período golpista, que institucionalizaram a exploração sem limites!

A Condsef/Fenadsef reafirma que só haverá saúde mental com salários dignos, jornada reduzida sem redução de vencimentos, fim da escala 6×1, planos de carreira justos, infraestrutura adequada e práticas coletivas que resgatem a solidariedade e a dignidade do trabalho. Enfrentar o sofrimento implica em lutar por transformações estruturais.

Nossa pauta sempre foi clara: sem um Estado forte, democrático e público, não há saúde mental possível para a classe trabalhadora. O Setembro Amarelo, para nós, não é marketing de “autoajuda” empresarial. É chamado à luta! Defender a vida significa enfrentar a exploração, revogar as reformas que precarizam e fortalecer o Estado como garantidor de direitos.

 

Fonte: Condsef/Fenadsef

Foto: Arquivo/Agência Brasil