8 de janeiro: ato em defesa da democracia terá Lula e lideranças dos Três Poderes

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Na madrugada de segunda-feira (6), a atriz Fernanda Torres recebeu, merecidamente, o Globo de Ouro de melhor atriz com o filme Ainda Estou Aqui, do diretor Walter Salles, sobre os crimes da ditadura no Brasil.

Uma ditadura que puniu inocentes, aniquilou famílias e jogou o país numa vala de violência com torturas e assassinatos e que . começou com um golpe que colocou o país numa fossa de crueldade e da barbárie. Como se não bastasse, essa mancha histórica do país teve uma tentativa de reedição quase 40 anos depois do seu fim, no dia 08 de janeiro de 2023, e que não deve ser esquecida, jamais.

As cenas de destruição nos prédios do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto ainda ecoam como um alerta para os riscos da radicalização política e da conivência de lideranças públicas com discursos antidemocráticos. Por isso, nesta quarta-feira (8), quando a Nação chega ao segundo aniversário dos ataques horrendos na tentativa de golpe contra as instituições democráticas, haverá um ato em Brasília.

O evento “Abraço da Democracia”, que ocorre na Praça dos Três Poderes, busca tanto reafirmar a resiliência democrática quanto lembrar os danos causados por um movimento que não pode ser esquecido nem relativizado.

Nas redes sociais, o Partido dos Trabalhadores (PT) e outras entidades convocam para uma concentração a partir das 11h, na Praça dos Três Poderes. O ato, descrito como suprapartidário, contará além de lideranças dos Três Poderes, com representantes movimentos sociais e religiosas, reforçando que a luta pela democracia transcende siglas e interesses particulares.

A Central Única dos Trabalhadores estará representada pelo presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, além de dirigentes de diversos sindicatos filiados à Central.

Programação

A cerimônia terá início às 9h30, com a restituição simbólica de obras de arte destruídas pelos golpistas.

Entre as 21 peças recuperadas está um raro relógio do século XVII, trazido ao Brasil por D. João VI e destruído no ataque. A cena da destruição da obra, uma criação do relojoeiro Balthazar Martinot, foi restaurado na Suíça sem custos ao governo. O relógio retorna ao Palácio do Planalto como testemunho da reconstrução.

Outro destaque será a reinauguração da pintura “As Mulatas”, de Di Cavalcanti, avaliada em R$ 8 milhões. O quadro, alvo direto da fúria golpista, simboliza os ataques à diversidade cultural e ao significado do patrimônio como expressão da identidade nacional.

Às 11hno Salão Nobre do Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras lideranças institucionais, como o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, farão discursos reafirmando o compromisso com a democracia e denunciando as tentativas de subvertê-la.

Depois do ato oficial, o presidente Lula sairá em direção à Praça dos Três Poderes onde encontrará a população para juntos realizarem o abraço no local em defesa da democracia.

Simbolismo

O simbolismo do evento é reforçado pela presença do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e dos comandantes das Forças Armadas, instituições que enfrentaram questionamentos quanto à sua postura durante os eventos de 2023. Documentos e mensagens revelados pela Polícia Federal mostram que integrantes do governo Bolsonaro e militares discutiram abertamente planos para um golpe de Estado. Um relatório da PF destacou propostas de assassinato de autoridades e a criação de um “gabinete de crise” que seria liderado pelos generais da reserva Braga Netto e Augusto Heleno.

A gravidade desses planos não pode ser subestimada. Eles não foram fruto de delírios isolados, mas de uma articulação com objetivos claros: interromper o ciclo democrático, desmontar as instituições republicanas e perpetuar um projeto autoritário de poder.

Memória e resistência

Este evento é mais do que uma celebração simbólica: é uma denúncia enfática contra os que tentaram silenciar a soberania popular e uma mensagem clara de que o Brasil não tolerará novos ataques ao Estado Democrático de Direito.

Ao mesmo tempo, é uma oportunidade para refletir sobre os caminhos que permitiram a ascensão de um discurso autoritário, a conivência de instituições e a manipulação de setores da sociedade. A reconstrução das obras danificadas é um gesto de esperança, mas também um lembrete de que a reconstrução democrática exige vigilância, memória e ação contínua contra as ameaças que permanecem latentes.

 

Fonte: CUT Nacional

Foto: MARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL – ARQUIVO