Durante o mês de novembro são realizadas inúmeras atividades por entidades do movimento sindical e social, como palestras, debates e workshops que abordam temas como inclusão, diversidade e combate ao racismo estrutural. Integrantes da direção do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos Federais do RS (Sindiserf/RS) participam ativamente dessa construção e das atividades que compõem o Novembro Sindical Unificado Antirracista.
Além do Sindiserf/RS, são várias entidades que se somam na organização do Novembro Sindical Unificado Antirracista, como Sintrajufe/RS, Cpers, SindBancários, SindjusRS, Sindicato da Alimentação de Pelotas, entre outras.
Uma das principais atividades deste calendário é a tradicional Marcha Independente Zumbi Dandara, que este ano está prevista para ocorrer no dia 19.
Atividades em Pelotas destaca lanceiros negros
“De Porongos à necropolítica do século XXI: os efeitos do capitalismo sobre o povo negro” é o tema do evento que será promovido em Pinheiro Machado e Pelotas, zona sul do estado. Uma visita ao acampamento Lanceiros Negros, no Cerro dos Porongos, localizado no município de Pinheiro Machado, acontecerá nesta quinta-feira (14) de novembro. A ideia é começar no Cerro de Porongos, para homenagear os lanceiros negros, que há 180 anos lutaram por liberdade e foram traídos e massacrados no local, no período final da guerra farroupilha.
Já na sexta-feira (15), a programação contará com palestras, no auditório do Sindicato da Alimentação (rua Almirante Barroso, 3124, Centro de Pelotas), das 9h às 12h e das 13h30 às 18h. No encerramento, será realizada uma festa no Clube Fica Ahi (rua Marechal Deodoro, 368, Centro de Pelotas), das 23h30 às 3h30, com a DJ Helô.
Marcha das Mulheres Negras
No sábado (9), ocorreu a primeira reunião de organização da “Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver”, que ocorrerá em Brasília no próximo ano.
O encontrou foi realizado na sede do Sindiserf/RS e reuniu diversas representações de organizações negras femininas.
Entenda a traição de Porongos
A guerra farroupilha, a mais longa guerra civil do Brasil, foi travada durante dez anos, de 1835 a 1845, entre republicanos e imperialistas. Conforme o historiador Spencer Leitman, entre escravizados e ex-escravizados, os negros chegaram a compor de 1/3 à metade do exército farroupilha.
Conforme o historiador Jorge Euzebio Assumpção, os africanos e seus descendentes não lutavam pelos “ideais farroupilhas”, mas por sua liberdade. A maioria dos cativos incorporados às forças farroupilhas “pertencia” aos imperiais e se engajava aos republicanos levada pela promessa de liberdade ao término do conflito, sonho que jamais se realizou.
Quando ficou evidente que os farroupilhas seriam derrotados e começou a ser desenhado um acordo de paz, uma das exigências do Império foi que os soldados escravizados não poderiam alcançar a liberdade. Secretamente, entre as partes, o líder militar imperial, futuro Duque de Caxias, e o general Canabarro, pelo lado republicano, resolveram o impasse determinando o extermínio dos negros, explica Assumpção.
Canabarro informou a Caxias o local onde acamparia com suas tropas, e o coronel Francisco Pedro de Abreu atacou o acampamento. Antes, o general farroupilha ordenou que os negros fossem desarmados. Os acampamentos farroupilhas eram divididos em três blocos: para brancos, indígenas e negros. O episódio conhecido como traição de Porongos ocorreu na madrugada de 14 de novembro de 1844. Estima-se que mais de cem homens negros foram assassinados; dos cerca de 300 sobreviventes, os que não conseguiram escapar para quilombos ou para o Uruguai foram presos e levados para a corte, no Rio de Janeiro.
Fonte: Sindiserf/RS com informações do Sintrajufe/RS e da Revista Humanitas Unisinos
Foto: Divulgação