Trabalhadores brigadistas do DF condenam fake news da senadora Damares Alves

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Trabalhadoras e trabalhadores bombeiros do Distrito Federal (DF) vêm criticando a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) por ela ter acusado, sem provas, brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de causarem os incêndios que assolam o Brasil.

Assim como ocorre em outras regiões, a capital do país, Brasília, enfrenta uma quantidade de incêndios florestais jamais vistos. O fogo já atinge áreas nobres, o Plano Piloto e até o Parque Nacional, e a situação se agravou nos últimos dias pelo avanço das queimadas que, segundo especialista, é causado, em boa parte, pela ação de grileiros.

O Sindicato dos Bombeiros do Distrito Federal, que recebeu com indignação a fala de Damares, divulgou um vídeo do presidente do SindBombeiros/DF, Felipe Araújo, nas redes sociais, onde afirma que a senadora desmotiva os trabalhadores que estão sofrendo no sol quente e com jornadas excessivas combatendo os incêndios florestais.

Muitos desses trabalhadores, segundo o dirigente, trabalham sem direito e passam por um esgotamento físico. “As fake news da senadora Damares Alves colocam em xeque a atuação desses trabalhadores. Enquanto ela poderia estar discutindo o direito desses trabalhadores e melhores condições de trabalho, ela traz um elemento que causa na tropa um desânimo”, disse Araújo, em entrevista ao Portal CUT.

Segundo Rodrigo Rodrigues, presidente da CUT/DF, a acusação falsa da senadora desrespeita os trabalhadores brigadistas. “Imagine você, sendo este profissional, ainda ter que ouvir acusações infundadas e mentirosas?”, questiona.

O dirigente ainda lembra que os brigadistas florestais merecem respeito e que o sindicato estará sempre de mãos dadas pelos direitos da categoria. “Ser brigadista florestal é colocar sua própria vida em risco, todos os dias, em favor da preservação da nossa fauna e flora, e pela segurança da nossa cidade”.

 

 

Órgãos se pronunciam contra Damares

Citados também por Damares na última quarta-feira (18), durante uma sessão no Senado Federal, tanto o Ibama quanto o ICMBio se manifestaram contra a fala da senadora.

Para o Ibama, o discurso da senadora “é um absurdo e fantasioso e que  os brigadistas florestais são profissionais treinados para prevenir e combater os incêndios e que eles estão trabalhando de forma árdua e corajosa”.

O ICMBio, por sua vez, reforçou a importância do combate à desinformação e mencionou a existência de vídeos antigos que têm sido compartilhados online e que acusam os brigadistas de serem os causadores de incêndios.

“É preciso que os órgãos que contratam esses trabalhadores aqui do Distrito Federal, formem e contratem de forma permanente. E, além disso, forneçam  direitos, condições de trabalho para a gente encarar esse problema climático”, finaliza o presidente do SindBombeiros/DF.

 

Incêndios pelo Brasil

Neste domingo (22), o país registrou 1,9 mil focos de incêndio, segundo dados são do sistema BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta segunda-feira (23).

A Amazônia concentra a maior parcela das ocorrências, com 1.196, ou 61,6%. O estado de Mato Grosso teve o maior número de queimadas, com 547 focos registrados em 24h. É seguido por Amazonas (448) e Rondônia (239).

“É preciso levar os combates aos incêndios florestais a sério. Não dá para trabalhar e investir tudo apenas no combate, a gente tem que trabalhar fortemente com prevenção. Os trabalhadores brigadistas são contratados de forma muito precário, inclusive, como serviço temporário que não traz o menor direito a classe trabalhadora”, reitera do presidente do SindBombeiros/DF.

Hoje, no país, dos seis biomas, cinco registraram a incidência de fogo. O Cerrado teve o segundo maior número, com 397 focos –20,4% do total. Os incêndios na seca deste ano já levaram a 85 inquéritos na Polícia Federal por suspeita de origem criminosa.

 

Ações do governo federal

O presidente Lula (PT) assinou o Decreto nº 12.189, que endurece as sanções a pessoas que provocarem incêndios ilegais no país. Publicada em edição extra no Diário Oficial da União desta sexta-feira (20), a norma institui novas multas por infrações envolvendo incêndios.

O início de queimadas em florestas ou outras vegetações nativas terá penalidade de R$ 10 mil por hectare ou fração; já em florestas cultivadas, de R$ 5 mil. Essas sanções não existiam e se somam ao conjunto de outras medidas que visam desincentivar e coibir os incêndios criminosos.

 

Fonte: CUT Nacional

Foto: Reprodução