Trabalho dos empregados da Ebserh, em três hospitais, é fundamental para minimizar problemas de saúde
Diante de uma catástrofe climática como essa que assola o Rio Grande do Sul, a atuação dos servidores públicos se faz ainda mais necessária e importante para a sociedade. Desde os primeiros dias de maio quando as chuvas alcançaram patamares extremos e as enchentes e inundações invadiram cidades inteiras, que os órgãos e empresas públicas agem incansavelmente para minimizar os danos e sofrimentos das pessoas atingidas. Há também diversas iniciativas e campanha de solidariedade para auxiliar os próprios colegas, servidores públicos que foram atingidos pelas enchentes.
Com objetivo de trazer à luz o trabalho realizado neste momento, o Sindicato dos Servidores e Empregados Púbicos Federais do RS (Sindiserf/RS) inicia uma série de reportagens sobre a força tarefa dos órgãos e empresas públicas. Muitas vezes questionado, nestes momentos de tragédia fica ainda mais evidente o papel do estado e das políticas públicas. Sem isso, o cenário seria ainda mais aterrorizante e o fato de faltaram servidores públicos ou condições materiais de atender lá na ponta quem mais precisa, como executores da política de estado, é fruto do sucateamento do Serviço Público, promovido por governo golpistas, negacionistas e entreguistas dos últimos anos.
Nesta segunda reportagem, as atuações das empregadas e empregados da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) são o destaque. No RS, são centenas de trabalhadores que exercem suas tarefas em três hospitais 100% do Sistema Único de Saúde, o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), na região sul e Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Maria (HUSM), no centro do RS.
Cuidados para quem cuida do outro
Assim como no período mais crítico da pandemia de Covid-19, em momento de catástrofe climática, os profissionais de saúde são fundamentais na linha de frente para minimizar e reduzir qualquer dano à saúde física e mental. Além de diversas intercorrências que podem ocorrer às pessoas afetadas pelo avanço das águas, muitas doenças podem ser transmitidas e se manifestarem até semanas depois como leptospirose, tétano, hepatite A, diarreias agudas, entre outras.
E diante da situação de calamidade no Rio Grande do Sul, a solidariedade e a cooperação entre os hospitais da Empresa mostram-se fundamentais para oferecer suporte à população e os trabalhadores da rede, que foram afetados pelas inundações. Uma das primeiras cidades a relatar problemas com a chuva extrema foi Santa Maria e em meio ao caos, o HUSM contou com o apoio de diversas instituições, dentre elas: a Base Aérea de Santa Maria para garantir o atendimento aos pacientes da região.
A parceria possibilitou o transporte de dietas enterais, fundamentais para a alimentação de pacientes em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI) do HUSM, vindas de Canoas. As dietas, essenciais para o suprimento necessário dos pacientes, foram transportadas até o HUSM durante o auge da enchente na Região Central do estado e garantiu a continuidade do atendimento mesmo diante das dificuldades logísticas impostas pela enchente.
“Também temos um cadastro no HUSM, daqueles trabalhadores que foram atingidos e precisam de mantimentos, como roupas, alimentos, produtos de limpeza, higiene e acolhimento”, conta a secretária adjunta de Assuntos Jurídicos do Sindiserf/RS, Vera Regina Gomes da Rosa.
De acordo com ela, que é empregada no HUSM, a assessoria jurídica do Sindicato repassou aos trabalhadores todas as informações necessárias neste momento, referente ao encaminhamento das faltas, para que não sofram com descontos salariais. “A orientação é de que sempre informem no SEI. E qualquer dúvida podem procurar o nosso Sindicato”, disse Vera.
No sul do estado, tanto o HU-Furg e o HE-Ufpel estão localizados próximo à Lagoa dos Patos. Em Rio Grande, o Hospital foi atingidos devido a elevação dos níveis de água e, consequente, o alagamento da cidade. Dentre as ações, foi esvaziado o andar térreo do Hospital, com realocação de pacientes, insumos, alimentos, equipamentos e serviços para os andares superiores e no espaço cedido pela Universidade, no segundo andar da Área Acadêmica. Também foram construídas barreiras de contenção para proteger os geradores e a locação de um gerador auxiliar, instalado em área elevada. Além disso, foram suspensos os atendimentos ambulatoriais, cirurgias eletivas e consultas.
Na cidade vizinha, em Pelotas, o HE-Ufpel disponibilizou seu corpo clínico para a realização de teleconsultoria nas especialidades de Clínica Médica e Endocrinologia. A iniciativa, disponível desde 10 de maio para a cidade de Pelotas, está sendo realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e tem como objetivo oferecer suporte aos médicos no diagnóstico e tratamento de pacientes que não podem se deslocar devido a enchente.
O delegado regional do Sindicato, Júlio César Araújo das Neves, destaca que nos dois hospitais há dezenas de trabalhadores que foram atingidos ou com dificuldade de acesso ao local de trabalho. “Estamos com grupos de humanização atuando para arrecadar donativos e auxiliar esses colegas das mais diversas formas que são necessárias, neste momento tão difícil”, assegura ele.
Júlio conta que uma das iniciativas é garantir um deslocamento seguro para os trabalhadores ou oferecer um local com infra-estrutura adequada para essas pessoas permanecerem. “E principalmente, há disponível o auxílio psicológico para dar suporte à saúde desses colegas”, enfatizou o empregado do HE-Ufpel.
Por solidariedade e responsabilidade, início da greve foi adiado
Preocupados com a situação de emergência climática que o estado já enfrentava no começo de maio, os empregados da Empresa deliberaram numa assembleia unificada que aconteceu na noite de 3 de maio, sexta-feira, pela suspensão da deflagração da greve que estava marcado para a segunda, dia 6.
A medida inédita demonstra o reconhecimento da importância dos serviços públicos prestados à população e o compromisso dos trabalhadores da Ebserh no RS com a sociedade gaúcha.
Fonte: Sindiserf/RS
Fotos: Reprodução Ebserh