Valorização do servidor precisa chegar em quem atua na ponta das políticas públicas

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A sociedade brasileira é muito desigual, e uma pequena parte dela, que detém muito poder, não depende da maioria dos serviços públicos. No entanto, para a maioria dos brasileiros, os serviços públicos são imprescindíveis.

Mas o que significa reconhecimento do servidor público? A opinião da sociedade em relação aos servidores públicos importa para se sentirem valorizados? A valorização do servidor público é uma das bandeiras de luta da CUT para este 1º de Maio.

Para o secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Seguridade Social (CNTSS), filiado à CUT, Sandro Alex de Oliveira Cezar, que participa das discussões sobre o serviço público em Brasília, os “servidores considerados de alta classe, como juízes, já são reconhecidos e valorizados, falta valorizar o servidor pobre. Aquele que realmente faz diferença no dia a dia das pessoas.”

Sandro está se referindo aos trabalhadores e trabalhadoras das escolas públicas, das Unidades Básicas de Saúde, da vigilância sanitária, assistência social, e administrativos, por exemplo. “O diálogo dos governos precisa avançar muito entre esses trabalhadores. O Estado foi enfraquecido nos últimos anos, e ficou na conta dessas pessoas manter o atendimento à população nas piores condições possíveis. Não vamos melhorar a vida do brasileiro sem valorização do serviço público”, afirmou o dirigente.

A opinião da sociedade também é essencial na valorização dos servidores. Se, por um lado, eles realizam seu trabalho guiados por um senso de vocação, mesmo quando são muito criticados pela sociedade, é consenso a necessidade de trabalhar a relação com a sociedade, a grande beneficiária do seu trabalho.

Um campo que ainda demanda maior compreensão, segundo Sandro, é a dinâmica da relação entre sociedade, servidor público e serviço público, para entender como aprimorar a comunicação do serviço público, aproximando-o cada vez mais da sociedade.

“O movimento sindical deve reconhecer que precisamos informar melhor a sociedade sobre a diferença, o impacto, que um servidor público qualificado tem na vida de cada um. Sem servidor e serviço público valorizados não temos boas escolas, não temos boas unidades de saúde, não temos acesso aos benefícios sociais”, argumenta o dirigente.

Outro aspecto que vale ser explorado é a noção de comunidade, de cidadania e de coletividade brasileira. Certamente essas diferenças refletem na relação de todos com o serviço público e na maneira como os servidores são valorizados.

A discussão sobre valorização permeia aspectos do trabalho no serviço público onde é preciso avançar pela criação e a manutenção de um ambiente que aproveite todo o potencial dos servidores públicos, gerando benefícios à sociedade.

 

Eixos de valorização dos servidores 

Remuneratório: composto pela carreira e pelas perspectivas profissionais. Neste eixo, os sindicatos e os órgãos centrais, nos diferentes níveis de governo, responsáveis pelas discussões e políticas relacionadas às carreiras públicas, desempenham um papel central.

Gestão: formado pela clareza da missão e valores públicos, desenvolvimento, liderança, identificação com os propósitos do trabalho, autonomia, participação no processo decisório, ser ouvido, estar em ambiente de aprendizado. Neste eixo, as organizações públicas têm um papel predominante, e os órgãos responsáveis por políticas de pessoas nos diferentes níveis do governo podem investir em diretrizes que criem um ambiente de trabalho voltado para a realização da vocação pública.

Reconhecimento da sociedade: constituído pelas próprias organizações públicas, que, ao melhorarem seus resultados perante a sociedade, contribuem para mudar a narrativa negativa sobre o serviço público. As melhores práticas recomendam aumentar o envolvimento da sociedade nas discussões das políticas públicas e realizar avaliações dos serviços com os usuários. Neste eixo, a imprensa pode desempenhar um papel importante, assim como outras entidades voltadas a apoiar o serviço público, como as  sem fins lucrativos e até as organizações internacionais, como a OCDE, que organiza dados sobre governos nos mais diferentes assuntos.

 

Fonte: CUT Nacional

Foto: EDSON RIMONATTO